Texto por Portal Química – A indústria brasileira de tintas e vernizes espera alcançar resultados muito positivos em 2019 como decorrência dos ajustes prometidos pelo governo federal recém-empossado. Essas reformas têm potencial para melhorar o ambiente econômico e criar condições para que os investimentos locais voltem a ser competitivos e rentáveis.
“Esperamos que as prometidas reformas política, tributária e previdenciária sejam feitas com ética, dando origem a estruturas perenes de governo, que nos permitam aplicar em âmbito nacional as fórmulas já vitoriosas adotadas por empresas na área de governança”, comentou Antonio Carlos Oliveira, presidente-executivo da Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas (Abrafati). A entidade reafirmou seu papel de estimuladora dos esforços para o aumento da qualidade setorial e de apoiadora das empresas para acompanhar a crescente complexidade regulatória dos diferentes mercados de atuação.
Ao mesmo tempo, Freddy Carrillo, presidente do conselho diretivo da Abrafati e presidente e gerente-geral da Sherwin-Williams do Brasil, apontou a possibilidade de amplo crescimento setorial pelo aproveitamento da demanda reprimida pelas tintas nos últimos anos. “O mercado brasileiro de tintas já foi 20 milhões de litros maior do que o verificado em 2018”, apontou. “Há uma frota de 43 milhões de veículos que precisa de manutenção, 70 milhões de domicílios que precisam de pintura, sem falar do déficit habitacional, estimado em 6,5 milhões de unidades e das enormes necessidades dos projetos de infraestrutura”.
A expectativa de elevação do PIB em 2,5% em 2019 poderá ser superada, injetando uma dose extra de ânimo os empresários, que também apostam no incremento das concessões e privatizações de serviços e empresas estatais. Em sentido contrário, sabe-se que a liberação de verbas para o programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) será a menor desde a sua criação, com R$ 4,6 bilhões – em 2018, foram R$ 5,2 bilhões. Carrillo também espera colher os resultados dos trabalhos desenvolvidos pela Abrafati junto às empresas associadas, tanto no front da qualidade – o PSQ2 está sendo implantado, com novos padrões e maior abrangência quanto aos tipos de tintas –, quanto no estímulo às inovações, que se traduzem na maior oferta de produtos de desempenho superior e preço mais alto. “Com tudo isso, as vendas de tintas no Brasil podem crescer entre 2,5% e 3,5%”, estimou.
Na sua avaliação, 2018 foi um ano difícil, mas teve resultados a comemorar. “Iniciamos 2018 com excelentes previsões, falava-se em 3% de incremento no PIB e de um aumento projetado de 4% na venda de tintas”, salientou Carrillo. Com greve de caminhoneiros, copa do mundo de futebol e eleições, a reversão das expectativas não tardou. O ano terminará com acréscimo de volume de tintas vendido no país perto de 1,4%, seguindo o PIB, abaixo do incremento setorial obtido em 2017 (de 1,9%).
Por segmentos, o melhor desempenho foi apresentado pelas tintas automotivas originais, que alcançaram 12% de aumento de volume em relação a 2017, acompanhando a retomada dos negócios dessa indústria, após um período de retração. A repintura automotiva também foi bem, com acréscimo de 6% de vendas em volume, considerando que esse segmento sofreu menos que a pintura original.
As linhas industriais registraram crescimento de 5% em 2018, um número a comemorar, pois essas tintas sofreram muito desde 2014 com a diminuição de investimentos produtivos no país. “Em geral, todas as indústrias que produzem bens para o agronegócio e também para o setor automobilístico tiveram bom desempenho e compraram mais tintas em 2018”, explicou Carrillo. Além deles, a maior atividade de produção de óleo e gás no Brasil também se refletiu no desempenho positivo do segmento.
As tintas imobiliárias, maior segmento de mercado em volume, que passa de 1,2 milhão de litros/ano, obteve crescimento modesto, de 0,5%. E ele deve ser comemorado, porque o primeiro trimestre foi morno e o segundo foi prejudicado pela greve dos caminhoneiros e pela copa do mundo de futebol. Todo o avanço de vendas foi realizado durante o segundo semestre e o perfil de demanda preferiu os tipos premium e standard, deixando um pouco de lado os itens mais econômicos.
O desenvolvimento setorial depende da aproximação dos elos da cadeia de valor. Por isso, a Abrafati reforçará sua atuação no apoio ao desenvolvimento tecnológico, avanços regulatórios e na qualidade dos produtos setoriais, enquanto também aprofundará o relacionamento com o atacado e o varejo de tintas e materiais de construção. Fonte original do texto:Portal Química – https://www.quimica.com.br/tintas-mercado-local-tem-condicoes-para-crescer/