A sustentabilidade talvez seja o conceito mais importante da atualidade. Com uma nova dinâmica de mercado que tende a punir indústrias ambientalmente nocivas, o adjetivo “verde” é cada vez mais usado em diversos processos e produtos. “Energia verde”, “Indústria verde”, “Tecnologias verdes”, o termo passou a ser uma espécie de identificador da sustentabilidade aplicada a processos e novos bens.
A Química Verde surge desse contexto. Consolidada em meados da década de 90, o conceito reúne uma série de princípios e práticas que foram definidas com o objetivo de introduzir um novo padrão de sustentabilidade para a indústria e para as ciência químicas.
Mas o que ela aborda? Onde ela surgiu?
Antes da década de 90, já existiam vários conceitos e esforços no sentido de adequar a indústria química aos conceitos de sustentabilidade. Até então, o termo Química Verde ainda não era unanimidade. Ouvia-se falar em “Química Limpa”, “Química Sustentável” e vários outros termos.
Todas essas ideias partem do mesmo princípio de uma nova abordagem para a engenharia química e das ciências químicas em geral, que reduza e elimine substâncias nocivas ao meio-ambiente e à saúde humana.
A maioria dos materiais da química tradicional não são naturais do meio-ambiente. o que faz com que esses produtos se acumulem e tenham um tempo de degradação incondizente com os processos naturais.
Além disso, muitos dos produtos e materiais também são nocivos à saúde humana e da fauna/flora. A Química Sustentável é a ciência que visa desenvolver e adotar produtos e processos que sejam sustentáveis e não prejudiquem o meio natural.
Foi em meados da década de 90 que todas as ideias e termos então usados em todo o mundo convergiram para a definição de Química Verde. Em 1991, John Warner e Paul Anastas deram a definição formal, feita no âmbito da Agência Ambiental Norte-Americana – Environmental Protection Agency (EPA).
O que é a química verde?
“A Química Verde é a invenção, desenvolvimento e aplicação de produtos e processos químicos que busquem a redução ou eliminação do uso e da geração de substâncias perigosas.”
As substâncias perigosas às quais se refere à definição são aquelas que de alguma forma são nocivas à natureza ou à saúde humana. Em 1993, a IUPAC – International Union of Pure and Applied Chemistry, também adotou a definição formalmente.
Abrangência e princípios
A química limpa permeia todas as subdivisões da Química, apesar de as aplicações industriais e a síntese química serem áreas especialmente importantes. Como conceito e prática, ela pode ser aplicada em diversos contextos diferentes, até mesmo fora da ciência química, como, por exemplo:
- Logística reversa;
- Desenvolvimento e utilização de materiais biodegradáveis;
- Reciclagem;
- Construção civil com prédios sustentáveis e certificados LEED – Leadership in Energy and Environmental Design.
Cada vez mais, a indústria e o mercado adotam os materiais e processos da Química Verde e a tendência é que eles ganhem cada vez mais importância. As bolsas de valores já usam índices de sustentabilidade para avaliar empresas quanto à sua relação com meio-ambiente.
Além disso, as novas regulamentações ambientais e acordos em prol do desenvolvimento sustentável, como o recente Acordo de Paris de 2015, têm dado o tom para o crescimento dessa nova abordagem da ciência Química.
Os 12 princípios
Não basta apenas acrescentar o “verde” ao final do nome de um produto ou processo para que ele possa ser considerado um legítimo filho da nova Química Sustentável. O marketing ambiental é amplamente usado por empresas com objetivo de incrementar suas imagens e avaliações na visão dos consumidores. Mas para além da propaganda bem-intencionada, existem 12 princípios formais.
Os 12 princípios que estabelecem o que é um produto advindo da Química Verde, são:
- Prevenção do desperdício;
- Economia ou eficiência atômica: Sínteses químicas que resultem na menor quantidade possível de resíduos
- Redução de toxicidade
- Desenvolvimento de produtos seguros e eficientes;
- Eliminar ou tornar seguros solventes e outros elementos de reação;
- Otimização do uso de energia;
- Uso de fontes renováveis de matérias-primas;
- Evitar derivações desnecessárias: Utilização de bloqueadores para impedir reações químicas aconteçam em mais de uma etapa;
- Catálise: Utilização de catalisadores para diminuir o tempo de uma reação;
- Desenvolvimento de produtos biodegradáveis;
- Controle de processos em tempo real;
- Desenvolvimento de processos seguros.
Pelos princípios e objetivos da Química Verde, fica evidente que ela nada mais é do que a ciência química feita em conformidade com os conceitos e preocupações do desenvolvimento sustentável.
Assim, à medida em que essa nova abordagem é disseminada por toda a indústria, os impactos negativos dos processos industriais e produtos químicos no meio-ambiente serão minimizados e em muitos casos eliminados.
Fonte original do texto – https://tekideia.com/quimica-verde-voce-ja-ouviu-falar-dela/