Texto por Portal Química – Comemoramos em 18 de junho o Dia do Profissional da Química. A data é uma referência à publicação da Lei 2.800, que em 1956 criou o Conselho Federal de Química (CFQ) e os Conselhos Regionais de Química (CRQs). Dali em diante, as atribuições de regulamentar e fiscalizar o exercício profissional na área passaram do Ministério do Trabalho para o Sistema CFQ/CRQs, composto por integrantes da classe eleitos para dirigir os Conselhos.
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Há hoje no Brasil 21 Conselhos Regionais de Química, que orientam suas ações com base nas resoluções normativas e ordinárias publicadas pelo CFQ, sediado em Brasília. Todo o sistema contabiliza ao redor de 120 mil profissionais registrados, dos quais perto de 80 mil estão vinculados ao CRQ paulista. Nosso regional também tem registradas perto de 11 mil empresas.
O campo de atuação dos químicos talvez seja o mais abrangente entre todas as profissões. Da água tratada que chega às torneiras, passando pelos itens de limpeza doméstica ou industrial, pelas tintas que protegem e embelezam os mais variados tipos de superfícies, as soluções que esterilizam instrumentos médicos, as tecnologias que dão mais segurança aos alimentos e prolongam seus prazos de validade, os produtos de higiene pessoal e beleza que ajudam a melhorar nossa autoestima, o desenvolvimento e aplicação de técnicas que não só resultam em produtos mais sustentáveis como também recuperam danos ao meio ambiente, chegando até a produção de fármacos e a realização de pesquisas que revolucionam constantemente os tratamentos de saúde. Se pudéssemos resumir todas essas áreas em uma só, poderíamos dizer que o principal campo de atuação dos profissionais da Química é contribuir para o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas.
Mas é claro que as enormes perspectivas que a profissão oferece não a exime dos percalços e das dificuldades causadas por um ambiente econômico hostil, como o que temos vivido com mais severidade nos últimos cinco anos. Assim como ocorreu em todos os setores, os empregos na área química diminuíram.
Dados recentemente divulgados pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) – que abrangem apenas uma parte do setor – mostraram que todas as variáveis que medem a atividade tiveram, em 2018, redução de volume em relação ao ano anterior: produção (-4,23%), vendas internas (-0,90%), vendas externas (-16,7%), e importações (-2,8%). A ocupação da capacidade instalada ficou em 77% em 2018, contra 79% no ano anterior. Segundo análise da entidade, os volumes de produção e vendas são hoje, em média, os mesmos de 12 anos atrás. Os números disponíveis até o momento continuaram desfavoráveis. Ainda segundo a Abiquim, a produção de químicos de uso industrial caiu 0,74% no primeiro bimestre de 2019. Apesar de a queda ser pequena em relação ao mesmo período do ano passado, ela se deu sobre uma base de comparação baixa, o que deu ao período o status de pior início de ano para o setor desde 2011. Por certo, tal desempenho vem se refletindo no grau de empregabilidade dos profissionais da Química.
Perspectivas
Apesar do cenário ruim, o setor produtivo vê perspectivas de melhora. Esta, contudo, não depende apenas da crença em milagres. Não foi a indústria química ou o setor produtivo como um todo que declinaram por eventuais erros estratégicos e de planejamento. Fatores externos tiveram lá sua parcela de contribuição, mas o fato é que a crise resultou de anos e anos de descontrole fiscal do setor público, o que foi determinante para desorganizar toda a economia.
Sim, é possível reverter o quadro e a oportunidade para fazer o acerto é agora. Pode-se dizer que é um consenso entre empresários e economistas que o início desse processo é a aprovação da reforma da Previdência Social proposta pelo ministro Paulo Guedes. Ela será o passo fundamental para essa virada, que se concretizará com a implementação de outras reformas estruturais que já estão ou logo serão enviadas para discussão no Congresso Nacional.
O avanço dessas reformas, garantem os especialistas, representará uma enorme mudança nos paradigmas que norteiam a história econômica do Brasil, conferindo maior segurança para os investimentos. E mais dinheiro aplicado no setor produtivo significa mais geração de empregos e renda. Por isso, é importante que toda a sociedade cobre dos governantes e dos parlamentares a aprovação dessas medidas, pois sem elas o futuro de todos nós estará seriamente comprometido.
Mas o que os profissionais da Química podem fazer enquanto essas mudanças não ocorrem? Entendemos que a inovação e a tecnologia são as melhores alternativas em momentos de crise. Se por algum momento fraquejarem as convicções dos profissionais de Química, seja dos recém ingressados no mercado de trabalho, seja daqueles já acostumados com as oscilações laborais, ressaltamos a todos que fazer Química em maior quantidade e melhor qualidade é o caminho para a superação das dificuldades.
Dos químicos, a sociedade espera sempre uma resposta diferenciada às dificuldades. Por mais que o momento sugira preocupação e contenção, é preciso romper as amarras para ampliar a produtividade e agregar valor ao que se faz na indústria brasileira. Temos a responsabilidade de compor a vanguarda científica de nossa nação e, nessa linha de frente do progresso, estarmos atentos ao que se faz de melhor dentro do país e nos principais centros de produção de conhecimento no mundo.
Nesse sentido, o CRQ de São Paulo continuará estimulando e criando mecanismos para que os profissionais de sua base sigam na trilha do aperfeiçoamento contínuo, seja para enfrentar com mais capacidade técnica este momento adverso, como também para ampliar seu grau de empregabilidade quando os ventos voltarem a soprar a favor. Nunca é demais lembrar, contudo, que as melhores oportunidades sempre se apresentarão aos mais bem preparados.
O Brasil vai melhorar e os químicos já estão prontos para dar início a essa reação.
- Texto: Hans Viertler
Fonte original do texto: Portal Química
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